Travesti procurando companhia na Lapaacrílica s/ tela
20x30cm.
J.Duarte
Entrevista Como artista plástico J. Duarte
segunda parte
segunda parte
...você pode vê os meus trabalhos mesmo sem entender nada sobre sua parte teórica que mesmo assim você não terá muita dificuldade na interpretação da obra... Os títulos das minhas pinturas sempre fornecem pistas significativas.
__Então seus quadros são verdadeiros protestos em forma visual?
__Alguns sim outro não. Todos feitos com muito zelo e determinação.
__Sua arte prega alguma ideologia?
__Não. Questiono apenas a sociedade. Suas contradições berrantes. Trabalho com todos os tipos de temas. Desde mulheres nuas a posicionamentos filosóficos. Minha inspiração parte do cotidiano, às vezes de livros que leio ou conversas que tenho com amigos e conhecidos.
__Como é seu processo criativo?
__primeiro tenho a idéia, que na maioria das vezes parte de algo concreto, passo para o papel, algumas vezes desenho naturalmente e só depois que transponho para o meu estilo. Um dia, estava em uma feira de arte de Copacabana. Ao meu encontro vinha uma cigana. Vinha esperançosa de lucro fácil.mas algo aconteceu no meio do caminho, ela avistou que eu puxava um carrinho, que eu era apenas um feirante. A mulher prontamente se desviou de mim. Desse incidente eu criei um quadro com o título “A espera de um trouxa” que retrata uma cigana em cima de um caixote olhando as pessoas que passam pela rua...
__Observando seus quadros percebe-se que a nudez e a mulher são temas recorrentes. O universo representado em suas obras tem fixação por esses temas?
__ Quem conhece a história de Gênesis( o primeiro livro da Bíblia) sabe que a nudez antes de significar pecado, significava pureza. Nos meus quadros tento resgatar esse período de inocência perdida, sendo a nudez estilizada. Quanto a mulher, tenho realmente uma admiração estética e pessoal pelo corpo feminino. No campo da anatomia humana é uma das maiores criações de Deus. Agora dizer que meus quadros se resumem a isso é pura má fé. Como disse Mondrian: “Quadrados? Eu não vejo quadrados em minhas obras.”
__Você acha que alguém entende essas mensagem que estão nas entrelinhas de suas pinturas? O quadro “mulher amarrada em si mesma” você diz que foi feito para alertar as mulheres sobre o machismo dominante na sociedade. Um observador comum ao olhar esse quadro não vê apenas uma mulher de corpo bonito com braços desproporcionais abraçando a si mesma e nada mais?
__A pintura é como a literatura, nela há elementos fixos e elementos flutuantes. A Linguagem literária permite várias leituras assim como a pintura. O importante é conhecer o autor e sua postura diante da vida, pois sua obra é sua vida.Existem várias leituras? Existem. Porém nenhuma delas será incoerente com a postura do autor. Uma pessoa entenderá o que vê segundo o seu interesse e amadurecimento emocional e intelectual. Existem níveis de entendimentos que filosoficamente não são transgredidos. As pessoas raciocinam e gostam sempre sob a tutela cultural em que foram submetidas. Pode parecer prosaico, mais seus valores são suas posses.
__Você está citando Marx?
__Se ele disse isso, eu concordo com ele.
__Já teve de se privar de algo por amor a arte?
__Todos os dias.
__Por que o brasileiro dá tão pouco valor aos seus pintores?
__Vou falar do meu caso. Eu já expus nos Arcos da Lapa por quase um ano e mês passado retornei às origens... De uma forma geral todos admiravam os meus quadros, mas o turista estrangeiro comprava mais. Esse deslumbramento por aquilo que é de fora tem dois motivos. O histórico que nos acompanha desde o Brasil colônia e o cultural que se resume na forma como somos criados desde crianças dentro da cultura estrangeira. Quando chegamos à idade adulta já estamos completamente condicionados a gostar daquilo que é externo... A minha pintura pode ter a mesma qualidade técnica daquela do John Smit, mas o brasileiro médio não terá dúvida na hora de comprar um quadro. E mesmo se meu quadro for superior em qualidade técnica e artística o brasileiro médio continuará sem dúvida alguma no ato da compra: John Smit três J. Duarte um.
continua...
__Então seus quadros são verdadeiros protestos em forma visual?
__Alguns sim outro não. Todos feitos com muito zelo e determinação.
__Sua arte prega alguma ideologia?
__Não. Questiono apenas a sociedade. Suas contradições berrantes. Trabalho com todos os tipos de temas. Desde mulheres nuas a posicionamentos filosóficos. Minha inspiração parte do cotidiano, às vezes de livros que leio ou conversas que tenho com amigos e conhecidos.
__Como é seu processo criativo?
__primeiro tenho a idéia, que na maioria das vezes parte de algo concreto, passo para o papel, algumas vezes desenho naturalmente e só depois que transponho para o meu estilo. Um dia, estava em uma feira de arte de Copacabana. Ao meu encontro vinha uma cigana. Vinha esperançosa de lucro fácil.mas algo aconteceu no meio do caminho, ela avistou que eu puxava um carrinho, que eu era apenas um feirante. A mulher prontamente se desviou de mim. Desse incidente eu criei um quadro com o título “A espera de um trouxa” que retrata uma cigana em cima de um caixote olhando as pessoas que passam pela rua...
__Observando seus quadros percebe-se que a nudez e a mulher são temas recorrentes. O universo representado em suas obras tem fixação por esses temas?
__ Quem conhece a história de Gênesis( o primeiro livro da Bíblia) sabe que a nudez antes de significar pecado, significava pureza. Nos meus quadros tento resgatar esse período de inocência perdida, sendo a nudez estilizada. Quanto a mulher, tenho realmente uma admiração estética e pessoal pelo corpo feminino. No campo da anatomia humana é uma das maiores criações de Deus. Agora dizer que meus quadros se resumem a isso é pura má fé. Como disse Mondrian: “Quadrados? Eu não vejo quadrados em minhas obras.”
__Você acha que alguém entende essas mensagem que estão nas entrelinhas de suas pinturas? O quadro “mulher amarrada em si mesma” você diz que foi feito para alertar as mulheres sobre o machismo dominante na sociedade. Um observador comum ao olhar esse quadro não vê apenas uma mulher de corpo bonito com braços desproporcionais abraçando a si mesma e nada mais?
__A pintura é como a literatura, nela há elementos fixos e elementos flutuantes. A Linguagem literária permite várias leituras assim como a pintura. O importante é conhecer o autor e sua postura diante da vida, pois sua obra é sua vida.Existem várias leituras? Existem. Porém nenhuma delas será incoerente com a postura do autor. Uma pessoa entenderá o que vê segundo o seu interesse e amadurecimento emocional e intelectual. Existem níveis de entendimentos que filosoficamente não são transgredidos. As pessoas raciocinam e gostam sempre sob a tutela cultural em que foram submetidas. Pode parecer prosaico, mais seus valores são suas posses.
__Você está citando Marx?
__Se ele disse isso, eu concordo com ele.
__Já teve de se privar de algo por amor a arte?
__Todos os dias.
__Por que o brasileiro dá tão pouco valor aos seus pintores?
__Vou falar do meu caso. Eu já expus nos Arcos da Lapa por quase um ano e mês passado retornei às origens... De uma forma geral todos admiravam os meus quadros, mas o turista estrangeiro comprava mais. Esse deslumbramento por aquilo que é de fora tem dois motivos. O histórico que nos acompanha desde o Brasil colônia e o cultural que se resume na forma como somos criados desde crianças dentro da cultura estrangeira. Quando chegamos à idade adulta já estamos completamente condicionados a gostar daquilo que é externo... A minha pintura pode ter a mesma qualidade técnica daquela do John Smit, mas o brasileiro médio não terá dúvida na hora de comprar um quadro. E mesmo se meu quadro for superior em qualidade técnica e artística o brasileiro médio continuará sem dúvida alguma no ato da compra: John Smit três J. Duarte um.
continua...
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